domingo, 19 de abril de 2009

Se essa praia, se essa praia fosse minha...

A humanidade se resume em duas categorias de pessoas: as que curtem praia e as que tem óooooodio.
Eu faço parte da número dois, e ponto. Não entendo qual é a graça de pegar micose éca nojentinha e bicho do pé. Acho tortura ficar à milanesa, cheia de areia por dentro do biquini, no meio do cabelo, nas órbitas oculares. Eu até entro na água, mas totalmente arregalada de pânico de ouvir a musiquinha do tubarão.
Mas o pior de tudo é ficar no meio do povo com as vergonhas à mostra. É meio hipocrisia achar vulgar mulher que usa decotão e minissaia “tudo junto e misturado”, mas achar “prático, normal” mulher descalça, com duas pecinhas na multidão, pra pular ondinha. Pra ver as partes que Deus me deu, só de luz apagada e depois de um cineminha.
Daí você me pergunta: E daonde é que saiu a idéia fan-tás-ti-ca de passar o feriado de Páscoa debaixo do guarda-sol?


Tipo assim, nem foi ruim! Era só pra fazer terrorismo. Me diziam que as praias de Angola eram lindas, e eu pensava “A-ham”, até que conheci a do Cabo Ledo. Tem quem queira me matar por esta afirmação, mas “eu achei mais bonita que a Mole da Lagoa (da Conceição, em Floripa)”. Pronto, falei! Tirando a areia grossa que gruda na pele e não sai nunca mais, o visual é TUDIBOM, é desertinha e só tem expatriados falando línguas bem loucas. Se essa praia, se essa praia fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar...

Crédito da foto: Millé

domingo, 12 de abril de 2009

Post politicamente incorreto.


Se você for tão ignorante quanto eu, vai ficar chocado com essa novidade: A Guerra Civil em Angola acabou! Que? E já fazem 6 anos! Noooooossa!
Tudo bem! Pra quem está do outro lado do oceano, não ter conhecimento deste tipo de informação, é comum. Até porque o Congo que é aqui do ladinho, está em guerra agorinha mesmo. É o mesmo erro inofensivo que os americanos cometem quando perguntam se Buenos Aires é a capital do Brasil. : !
Deu raivinha, né?
Para evitar a raivinha mundial, e já que a globalização está super in, falemos um pouco da história da Guerra Civil angolana.

Se a gente acha que a colonização portuguesa no Brasil foi toda uma grande sacanagem, que só fod(piiiiiiiiii) com a vida da gente, imagine a revolta dos angolanos que tiveram suas reservas de diamantes e petróleo saqueadas, e seus antepassados tirados de dentro das próprias casinhas para servirem de escravos em outros países. (Vergonhinha alheia). Eu, se fosse eles, jogaria chiclete no cabelo de qualquer português que me aparecesse pela frente. Mas, na falta de buble guns, e mais violentos que são eles, usaram real guns. Depois de anos de guerra pela independência, os portugueses que já tinham tirado daqui tudo o que queriam, e que estavam de filme torrado perante a ONU, vazaram.
O que fazer agora? Criar um feriado? Matar um ganso? Subir num cavalo e ir gritar na frente de um rio? Nãaaaaao! Brigar pelo poder pareceu uma boa idéia. Afinal (e eu não estou usando de cinismo nesta frase específica), depois de tantos anos de submissão e humilhação, normal que a sede por ascenção já fizesse parte concreta do DNA angolano.
Sendo assim, os dois partidos que antes brigavam juntos pela independência do país, MPLA e UNITA, passaram a brigar entre si.
MPLA: "O brinquedo é meu!"
UNITA: "Não, é meu! Eu vi primeiro!"
E assim começou a Guerra Civil Angolana.


Che, Fidel, suas motocicletas e seus charutos cubanos entraram na briga apoiando a MPLA. Não me perguntem o porquê - eu entendo nada de política - mas algo me diz que tem a ver com batons, pneus, e outros produtos derivados do petróleo (se é que você me entende). Por outro lado, a UNITA, recebeu o apoio dos Estados Unidos, em troca de diamantes para a Tiffany's vender. Lembra do "Diamante de Sangue", filme em que o Leonardo DiCaprio atuou? Esquece o ex da Gisele. Lembra que uma família foi dividida no começo do filme? A mãe assassinada, o pai mandado para o trabalho forçado nas minas, e o garoto de oito anos treinado violentamente pelo exército "civil" para virar um soldado? Naquele tempo, isso não era ficção por aqui. No Congo, isso ainda é realidade. Isenção de qualquer tipo de glamour hollywodiano. É daonde saí o dinheiro das potências mundiais.

Anyway (não sou dada a emoções), com seus havanas em mãos, e com aparentes boas intenções (na medida do possível para um político belicista) o ban ban ban da MPLA, José Eduardo dos Santos, assumiu o governo, instituiu eleições e virou o primeiro presidente eleito da história de Angola. U-huuu!
Mas seu oponente, o cara da UNITA, Jonas Savimi, era um ser saído do mesmo buraco que o Hitler e o Obama (não confundir com Osama), e não sabia perder. Diz a lenda que matou mãe, pai, esposa e filhos pra não correr risco de traição e que tinha mania de pôr fogo em trens carregados de gente (qualquer semelhança não é mera coincidência). Não era de se estranhar que ele fizesse de conta que esse negócio de democracia não existia, e que continuasse com a guerra como se nada tivesse acontecido, assobiando. O doido é que esse senhor era tipo, um gênio: poliglota, cientista político formado na Suiça, aonde estudou com bolsa integral. Em tempos de MBA, isso pode parecer nada, mas levando em consideração que ele era natural de um província nada desenvolvida de um país de quarto mundo ainda em colonização, eu diria o seguinte: pôw!
Acontece que assim que as torres gêmeas caíram, os funcionários do Bush fizeram uma listinha de terroristas mundiais e incluiram o nome do Savimi. E daí, não teve jeito, né? Não tem quem resista ao charme mortal do ex-presidente atacadinho dos EUA. A guerra civil angolana acabou oficialmente com a morte em batalha do Savimi, em 22 de fevereiro de 2002. FIM!

Crédito da Primeira Foto: MaLU Claúdio
Enquete: O que você estava fazendo em 2002, que não viu tudo isso acontecer?

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Minhas olheiras tem olheiras com olheiras




Em Angola não existe transporte público, sabe? Não tem busão, trem, metro, biarticulado, táxi ou carruagem. Não tem! E pra não dizerem que estou fazendo fofoca, vou explicar que tem candonga.

Candonga: sabe a lotação? Aquela van cheinha, mal cheirosa e recém legalizada que circula por São Paulo? Piora 3 vezes, pinta de azul cyan breguinha e joga muito desodorante vencido dentro. Realizou?

Expatriado não pode pegar candonga por motivos óbvios. Risco de ser estomprado, assaltado, virado do avesso e - pânico - ter o passaporte roubado. Também não é recomendado que expatriado fique andando por aí, saltitando pela rua, usando os pé como meio de transporte póprio, porque ele pode ser estomprado, assaltado, virado do avesso e - aaaaaah - pode ter o passaporte roubado.
Daí o que é que sobra? Ué, sobra carro, né? Literalmente, SOOBRAA carro. Em Luanda tem mais carro que barata! E a consequência disso: um trânsito diário de três horas, saído direto do inferno. What a feeling!
O negócio é otimizar o tempo, né? Dá pra, por exemplo, fazer as unhas - dos pés e das mãos - estudar podcast, meditar, fazer ginástica facial, exercícios de pompoarismo, treinar a coreografia da músicas da Eliana - "meus dedinhos, meus dedinhos, onde estão, aqui estão...". Eu, pessoalmente, como ainda não tenho permissão pra dirigir, costumo fazer minha otimização, dormindo. Preguiça? Então vamos à matemática: se eu começo a trabalhar as 8h e levo 3 horas pra chegar no escritório, calcula que horas meu despertador sim-pá-ti-co costumar tocar.
Minhas olheiras tem olheiras com olheiras.
Foto: trânsito na Samba, principal avenida de Luanda.