sexta-feira, 27 de abril de 2012

Welwitschia!

Saúde! Brigada!




Se prepara, que eu vou “falar” difícil: Difícil Welwitschia é um género monotípico de plantas verdes gimnospérmicas cuja única espécie é a Welwitschia mirabilis, que só existe no deserto do Namibe.

Entendeu? Agora vou falar português: A plantinha mais conhecida de Angola, a Welwitschia Mirabilis (saúde!) parece um monstrinho rastejante. Começa que é verde cor de monstro. Depois tem umas folhas, que parecem tentáculos saindo do chão. Eles, os tentáculos, crescem pra sempre. Pra sempre até ela morrer, o que pode durar umas centenas de anos. Cada folha pode ter 2 metros. Imagina isso, a planta é muuuito maior do que eu. Eu tenho medo de tudo que respira e é muuuito maior do que eu.

Eu não sou a única que a acha a “Welwis”, monstra. Charles Darwin chamava ela de “ornitorrinco vegetal”. Ornitorrinco também é da família dos monstrinhos, né? Híbrido de lontra com pato. E os botânicos apelidaram ela de “árvore anã”. Tá bom, anão não é monstro.

A “Welwis” tem cara de mau, mas é mansinha. Não ataca. E por isso está em extinção. E olha, que ela nem precisa de muito pra viver, só de luz e orvalho. Ironicamente, a água tônica mais famosa de marca angolana se chama Welwitschia (saúde!).


A Welwis rosnando pra tia.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Malária


Chato esse negócio de mosquito poder transmitir doença. Porque, convenhamos, que país tropical não é cheio de mosquito? Tô falando isso porque peguei. Peguei malária. Quer dizer, ela me pegou. Porque se fosse eu a pegar, soltava.

Mas, calma, não é nada muito grave! Tô aqui bem vivinha, respirando, mascando chiclete. Poderia ser grave, se eu não tivesse descoberto logo. Mas como aqui em Angola, Malária é feito i-phone no Brasil bumbum, cada um tem o seu, é bater um resfriadinho mais longo, pra gente correr, e fazer o teste.

O que poderia acontecer se eu não tratasse rápido? O resfriadinho podia evoluir prumas crises bem loucas de febre altíssima, que podiam parar rim, fígado, pulmão, provocar convulsões e até coma. Meda, né? Aqui em Angola, e em boa parte do resto da África, a Malária de Plasmodim Falciparum* ainda mata muita gente, principalmente crianças. É doença endêmica, que deixa seqüelas em toda uma população, que, diariamente afectada, aprende a conviver com o problema, e nem sempre sobrevive. Triste isso, gente! E preocupante. O governo faz campanhas (tipo da dengue), mas sem um bom sistema de saneamento básico, fica todo mundo exposto.

Comigo o que acontece é o seguinte: o tal do Plasmodium que a mosquita* me injetou, estava se multiplicando, usando meu corpo feito motel, sem usar proteção (como se já não bastasse terem sugado meu sangue). Daí comecei a me chapar de remedinhos (com receita, tá?), e tô bem zureta, mas quase curada.

* Só a mosquita fêmea bruxa, que usa uma roupa toda pintadinha, é que transmite a doença.

* São 4 os tipos de Plasmoduim mais comuns, mas o Falciparum é o mais malzão. Em compensação, não é recorrente. Recorrente é a malária causada pelo Plasmodium Vivax e Ovale. Essas podem voltar a aparecer depois de meses ou anos. Isso quem me falou foi o Google aqui e aqui, tá?



quarta-feira, 18 de abril de 2012

Era uma vez em Luanda...

Demorei tanto tempo pra começar a falar das coisas do cotidiano de Luanda, que elas até deixaram de existir. Eu, a prima da lesma.

É o caso, por exemplo, das filas nas bombas (postos de combustível). Quando cheguei aqui, há mais de 3 anos atrás (virge!), as filas pra abastecer carro eram de dar 3 voltas no quarteirão (e fazer lacinho). Levava-se no mínimo uma hora fácil pra encher um tanquinho. Era muita demanda pra pouca oferta. A Sonangol, companhia de petróleos angolana, era dona dos únicos e poucos postos, e o governo abria espaço pra mais ninguém.

Apesar disso, os preços não eram, nem são de dar medo. Muito pelo contrário, por ser dona de todo o petróleo (ói o Bush fazendo careta), a gasolina em Angola é baratinha, precinho camarada. Tipo, dá pra encher o tanque com 2000 kwanza, que é marromenos 20 dólares, aí uns 36 reais. Tá bom, né não?

Hoje em dia tem muito mais postos, tipo os da Pumangol, que foram os primeiros a se estabelecer quando a Sonangol deixou. As filas não sumiram completamente, porque aqui tem mais carro que barata, mas agora em 30 minutos, ou até menos, o tanque tá cheio, e o motorista jóinha.

Outra fila que acabou foi a dos navios no Porto de Luanda. Essa fazia parte da paisagem. Os barquinhos ficavam por dias, há quem diga meses, no meio do oceano esperando a sua vez de descarregar. Não sei se as importações diminuíram, ou se foi a burocracia. Numa dessas simplesmente ampliaram o galpão de estoque do Porto. Quem sabe?

Num sei, só sei que foi assim.

E se alguém souber, conta pra mim.



segunda-feira, 16 de abril de 2012

Bancos de Angola

Eu nunca quis ter conta bancária em Angola, e a explicação é simples: o banco não guarda o dinheiro, ele esconde. Esconde, bem escondidinho e só entrega quando dá vontade. A pessoa vai lá sacar uma quantiazinha, e ouve: não tem dinheiro hoje. Assim, como quem ouve: “Acabou o omo”, “Hoje não tem pastel de queijo”.


Porque o dinheiro não é seu. A partir do momento que você entrega pro banco, fica ciente: ele vai gastar tudo em chiclete.

E se é pra reclamar, não paremos por aí. Um cartão pra saque nas maquininhas (multi-caixa) pode demorar meses pra ficar pronto. E o sistema? Quase sempre caindo, quase que inexistente. Se o banco não tem fila quilométrica, pode apostar, é porque não tem sistema.

Hoje, fui lá sacar um nadinha, e a moça ia me entregando cinqüenta dinheiros a menos, porque leu o cheque errado. Ela, a trabalhadora do banco, LEU O CHEQUE ERRADO!

Eu podo com isso?


Jura, né?


Quem é que nesse mundo nunca teve problema com banco, né? Levanta a mão aí, dona exceção!

domingo, 15 de abril de 2012

Só pra esclarecer

Aquilo que toca na abertura da nova novela das oito, nove, dez... não é kuduro.
Kuduro é isso aqui:


O André Gama comentou o seguinte: "Só pra esclarecer: Isso não é Kuduro, mas sim African House.
Kuduro é isso aqui."


Valeu pela colaboção, André. Mas cá entre nós, sou mais African House então.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Prédio da Cuca

Existia, e ainda existe pela metade, um prédio no Centro de Luanda que era conhecido como Prédio da Cuca. A Cuca não morava lá. Até onde sei, ela ainda vive no sítio do pica-pau amarelo. O prédio da Cuca tinha este apelido por conta de um letreiro eterno colocado lá no topo, que dizia: CUCA. Essa Cuca é a cerveja, e eu já falei dela aqui.

Não sei a idade deste letreiro, nem do prédio, mas ambos eram emblemáticos. Se destacavam no meio de Luanda. E de certeza foram cenário pra muito anúncio, editorial e foto de expatriado-turista. Além de ponto de referência, claro. Agora tá todo mundo perdido.


Mas o mundo gira, a roda gira, o gira-gira, e no ano passado, o letreiro foi-se junto com o prédio. Parece-me que foi por conta das fundações do mega shopping que está sendo construído bem ali na frente. Era uma verdadeira cratera da fundura do centro da Terra, que abalou as estruturas deste prédio e dos vizinhos. Daí eles tiveram que ser esvaziados e demolidos.


Mas tem problema não, que a gente guarda na lembrança. Hein? Vitrola.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Herança colonial

Falta de patrimônio histórico cultural. Taí um problema que todo país “mais novo” e “menos rico” têm. No Brasil é assim, em Angola também. Não quer dizer que não temos história ou cultura. Temos, e muitas (histórias e culturas). O que não temos são os castelos/museus para contá-las.
Essa foi a parte chata do post. Agora vamos à parte legal:

Luanda pode não ter muitos castelos e museus, mas têm, espalhadas pelo centro, verdadeiras relíquias: as PLAQUINHAS DE RUA. Dá uma olhada na foto, e repara na arte: toda trabalhada no azulejo. É herança colonial! As novas placas com os novos nomes também são assim: azulejadas!


A plaquinha da sua rua é assim?