quarta-feira, 2 de abril de 2014

Casa das Rosas

É difícil de acreditar, mas acredite: a Avenida Paulista já foi estritamente residencial... calminha e bucólica até... de ouvir o cri-cri do grilinho. Era residencial do tipo elitizada, só palacetes dos barões do café, mas ainda assim, era residencial. E isso a menos de 100 anos. Dona Misao, não fosse japonesa, teria conhecido em vida. Dessa época sobraram pouquíssima evidências, que o progresso foi cruel, mas há quem interessar possa, a Casa das Rosas, no nº 37 está aberta para visitação.


Concebida para ser presente de casamento do Seu Ramos de Azevedo* - o arquiteto dos famosos da época - para a filha (eu não vou aproveitar a oportunidade pra reclamar de não ter ganho nem uma "Casa da Barbie" do meu pai), a Casa das Rosas enquanto residência durou uns 50 anos, até marromenos a década de 80, quando foi vendida a uma mega construtora megalomaníaca. Ói o perigo! Por pouco que o espaço não vira arranha céu envidraçado. A sorte foi que no mesmo período, ela foi tombada (kabum!) como patrimônio nacional. Daí, pra não perder o investimento, a construtora propôs ao Governo manter e restaurar a casa original, e construir um predião no terreno dos fundos. Um puxadinho bem do moderno, eu diria. Seria bizarro, não fosse a Paulista. Até combina.

Intaum que atualmente funciona na Casa das Rosas o Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. Seu Haroldo foi poeta fundador do construtivismo e tradutor. Por conta da homenagem, além de uma biblioteca, acontecem exposições voltadas a poesia lá dentro. Lá fora, o jardim de rosas, que dá nome à Casa se mantém, e ainda foi instalado um café bem simpático junto a ele. Não esqueçamos dos eventos, que foi pra um desses que fui neste sábado: a feira "Troca tudo sem dinheiro até conselho", que é auto-explicativa. Eu troquei um sapato velho por uma saia mais velha ainda... bem linda! E se você conferir a agenda da Casa, vai ver que aquilo borbulha de cultura em forma de cursos, concertos, palestras e eteceteras.




*O nome Ramos de Azevedo não te lembra nada? Nadinha? Porque, se você for paulista, de certeza já andou num busão Praça Ramos! Exato! Seu Ramos dá nome à Praça Ramos. Só porque ele foi "o cara" que projetou o Teatro Municipal, o Mercado Municipal, a Pinacoteca do Estado... entre outros. Eu disse que era "o cara".

Um comentário:

  1. O Rui aqui de casa já a visitou. E eu ainda não! #xatiada Sempre que passei em frente ela estava fechada. O perigo de ter em seu lugar um espigão aconteceu tb com o casarão que fica em frente da praia do Embaré, que hoje abriga a Pinacoteca Benedito Calixto. Ainda que no meio do processo houve gente com raciocínio suficiente para impedir que isto acontecesse.
    Amei a foto do piso hidráulico (fazendo coraçãocasmão!).
    Bjk.

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